Programação XXVII Semana Roseana 2015


XXVII SEMANA ROSEANA 2015
CORDISBURGO - MG
TEMA: SAGARANA
Data: : 12 A 18 de julho de 2015
PROGRAMAÇÃO
12/07 – Domingo
19h – Missa em homenagem ao escritor Guimarães Rosa e Acadêmicos Falecidos
Participação do Coral Vox Hominae
Local: Santuário do Sagrado Coração de Jesus
13/07 – Segunda-feira
19h – Abertura da XXVII Semana Roseana no Museu Casa Guimarães Rosa
20h – Abertura das Exposições:
- Filigrana – Arte Popular – Artista: Willi de Carvalho
Local: Sala de Exposições Temporárias do Museu Casa Guimarães Rosa
- Ferro e Fogo no Sertão – Esculturas – Artista: Deivid Henrique
Local: Jardim do Museu Casa Guimarães Rosa
21h – Apresentação da Banda de Música Vitalina Corrêa
14/07 – Terça-feira
7h30 – Caminhada Literária Urbana
Tema: O Burrinho Pedrês
Coordenação: Grupo Caminhos do Sertão
Local: Capela de São José
10h – Abertura da Exposição: Bordando Sagarana – Grupo Estrelas do Sertão - AAMCGR
Local: CAT – Centro de Atendimento ao Turista
Noite Cultural
19h – Apresentação do Teatro Sarapalha com o Grupo Caminhos do Sertão
20h – Sarau Poético Coordenação: Academia Cordisburguense de Letras
Local: Museu Casa Guimarães Rosa
15/07 – Quarta-feira
9h30 – Narração de Estória pelo Grupo Miguilim
10h – Apresentação do Projeto Cartografia Roseana: Guimarães Rosa sob a perspectiva da preservação e salvaguarda cultural e inclusão produtiva.
Coordenação: Dra. Diomira Maria C. Pinto Faria - Professora adjunta do Curso de Turismo - UFMG
Local: CAT – Centro de Atendimento ao Turista
Noite Cultural
18h30 – Feira gastronômica sertaneja ao lado do CAT
19h30 – Narração Grupo Miguilim
Texto: Entremeio Mariano e Rosa
Reportagem poética do conto Entremeio: com o Vaqueiro Mariano, do livro Estas Estórias
Direção e recorte/montagem de texto: Elisa Almeida
Local: CAT – Centro de Atendimento ao Turista
21h – Apresentação do Espetáculo O Casamento do Arlequim, com o Grupo Estrelas do Sertão - AAMCGR
Concepção e Direção: Carlos Mendes
Local: CAT – Centro de Atendimento ao Turista
16/07 – Quinta-feira
9h30 – Abertura de Palestras com narração de Estória pelo Grupo Miguilim
10h – Palestras com o Tema Sagarana
Palestrantes:
- Dr. João Antônio de Paula – CEDEPLAR / UFMG
- Leonardo José Magalhães Gomes – Curador da Exposição Permanente Rosa dos Tempos, Rosa dos Ventos do Museu Casa Guimarães Rosa
Local: CAT – Centro de Atendimento ao Turista
11h – Chegada dos participantes da Caminhada Pelos Caminhos de Rosa
Coordenação: André Ferreira
Local: Museu Casa Guimarães Rosa
16h – Bate-papo com os participantes da Caminhada Pelos Caminhos de Rosa
Local: Museu Casa Guimarães Rosa
Noite Cultural
18h30 – Feira gastronômica sertaneja ao lado do CAT
19h30 – Narração Grupo Miguilim
Texto: O Burrinho Pedrês, do livro Sagarana
Direção e recorte/montagem de texto: Dôra Guimarães
Local: CAT – Centro de Atendimento ao Turista
21h30 – Apresentações Artísticas
- Apresentação Grupo da Terceira Idade Estrelas do Sertão
- Apresentação de Danças da Escola de Balé
- Apresentação do Grupo Musical MPB CORDIS
Local: Em frente ao Museu
23h – Apresentação do Teatro “O Encontro”
Autor: Carlos Mendes Direção: Ronaldo Alves
Local: Museu Casa Guimarães Rosa
17/07 – Sexta-feira
16h - Lançamento de Livro: As astúcias das mulheres de Rosa
Autora: Dra. Ana Lúcia Magela
Local: Museu Casa Guimarães Rosa
Noite Cultural
18h30 – Feira gastronômica sertaneja ao lado do CAT
19h – Sessão Solene da Câmara Municipal de Cordisburgo para entrega de Medalhas Guimarães Rosa; Vovô Felício e Mestre Candinho
Local: CAT – Centro de Atendimento ao Turista
19h30 – Narração Grupo Miguilim
Texto: Sagarana e Rosa – trechos, escritos, boas vindas e despedida
Fortuna Crítica, Sagarana e Relembramentos, de Vilma G. Rosa
Direção e recorte/montagem de texto: Elisa Almeida
Local: Museu Casa Guimarães Rosa
21h – Apresentações Artísticas
- Apresentação da Congada União do Rosário de Maria
- Levantamento de Mastros
- Show do Grupo Fita Amarela (Samba)
Local: Em frente ao Museu
18/07 – Sábado
07h – Café Sertanejo
08h – Caminhada Eco-literária
Tema: Corpo Fechado – Livro Sagarana
Coordenação: Grupo Caminhos do Sertão
Valor da Inscrição: R$60,00
Informações: Brasinha (31) 9266-3360 / Fábio (31) 9288-3202 / José Maria (31) 9267-4807
E-mail: caminhosdoser-tao@hotmail.com
Local: Escola Estadual Mestre Candinho
Noite Cultural
18h – Sessão Solene da Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa com a posse Advogada e Escritora Vitória Amélia Moreira e Silva
Local: Academia Cordisburguense de Letras
18h30 – Feira gastronômica sertaneja ao lado do CAT
19h30 – Apresentação Teatral: O menino sem lugar
Local: CAT – Centro de Atendimento ao Turista
Dramaturgia, Direção, Figurino e Cenário: Rafael Back
Direção de Produção e Fotografia: Cris Anovazzi
Direção Musical e Preparação Vocal: Sula Ocon
Elenco: Carol Oliveira, Jéssica Souza, Julio Valentin, Lívia Gregório, Lucas Alves, Rafael Jorda, Rafael Back, Thaynná Carvalho, Yara Santos
Realização: Associação Dell’arte – Catanduva/SP
Orientação: Programa de Qualificação em Artes Ademar Guerra
21h – Show com Os Godoys (MPB)
Local: Em frente ao Museu
Oficinas
Inscrições: Museu Casa Guimarães Rosa – TEL: (31) 3715-1425
14 a 17/07 - das 14h às 17h – Curso de Introdução à Obra de Guimarães Rosa
Coordenador: Prof. Dr. Luiz Cláudio de Oliveira
Público: A partir de 16 anos
Vagas: 30
Local: CAT – Centro de Atendimento ao Turista
14 a 17/07 – das 14 às 17h – Oficina Livro Bordado
Coordenação: Elizabeth Ziani
Público: interessados na arte do bordado
Local: Museu Casa Guimarães Rosa
14 a 17/07 – das 14h às 17h – Oficina de Desenho
Coordenação: Pompea Tavares
Público: alunos dos 4º e 5º anos
Local: CAT – Centro de Atendimento ao Turista
Realização:
Secretaria de Estado de Cultura / MG
Superintendência de Museus e Artes Visuais - SUMAV
Museu Casa Guimarães Rosa
Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa
Prefeitura Municipal de Cordisburgo
Associação dos Amigos do Museu Casa Guimarães Rosa
Secretaria Municipal de Turismo de Cordisburgo
Apoio:
Associação dos Amigos do Museu Mineiro
Câmara Municipal de Cordisburgo

Atividades desenvolvidas pela AAMCGR

Encontros semanais do Grupo da Melhor Idade "Estrelas do Sertão"

Oficina de bordado realizada por integrantes do Grupo da Melhor Idade Estrelas do Sertão - FLIPOÇOS 2012


Levantamento de mastro - XXIV Semana Roseana

Dança do Grupo da Melhor Idade "Estrelas do Sertão" - XXIV Semana Roseana

Danças das Escola Públicas de Cordisburgo - XXIV Semana Roseana

Mesa Redonda - XXIV Semana Roseana
Café para a Caminhada Ecoliterária - XXIV Semana Roseana
Contação de História - Grupo Miguilim - XXIV Semana Roseana
Exposição de artesanatos - XXIV Semana Roseana

Mandala bordada pelo Grupo da Melhor Idade "Estrelas do Sertão"

Mandala bordada pelo Grupo da Melhor Idade "Estrelas do Sertão"
Painel bordado pelo Grupo da Melhor Idade "Estrelas do Sertão"
Festival de Ballet da Escola de Dança da AAMCG

Museu Casa Guimarães Rosa é reaberto oficialmente ao público

Museu Casa Guimarães Rosa / Foto Divulgação-SEC                             Museu Casa Guimarães Rosa / Foto Divulgação-SEC

O museu destinado a memória do escritor cordisburguense, Guimarães Rosa, será reaberto nesta sexta-feira (6), pela Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais com a exposição de longa duração “Rosa dos tempos, Rosa dos ventos”, da exposição temporária “A boiada: 60 anos de Travessia” e o lançamento do projeto “Memória viva do sertão”. O projeto foi concebido e realizado com patrocínio da Petrobras.



Instalado no município de Cordisburgo, na casa em que Guimarães Rosa nasceu e passou parte de sua infância, o museu conta agora com a nova exposição de longa duração “Rosa dos Tempos, Rosa dos Ventos”. Nessa mostra, a vocação original do museu foi mantida, ou seja, a de ser um museu-casa, apresentando móveis originais da residência e objetos pessoais do escritor, de forma que o público ainda verá as gravatas borboletas usadas por ele, seu guarda-roupa, sua maleta de médico, suas condecorações, sua máquina de escrever, seus móveis de escritório, entre outros objetos.

O processo de requalificação foi concebido de modo a tornar mais marcante a presença da vida e obra de João Guimarães Rosa dentro de sua antiga residência. Em todos os cômodos da casa o visitante terá contato com a reprodução de trechos de obras, texto crítico, com o fac-símile das correções que o autor fazia nos textos e com a história editorial do livro.

A nova exposição de longa duração “Rosa dos Tempos, Rosa dos Ventos” tem curadoria de Leonardo Magalhães Gomes e museografia e programação visual de Flávio Vignoli.A exposição temporária “A boiada: 60 anos de travessia” traz fotos realizadas pelo fotógrafo Eugênio Silva, durante a famosa viagem de Guimarães Rosa pelo sertão mineiro.

O projeto “Memória viva do sertão” refez o trecho percorrido pelo escritor em 1952, indo mais além e entrando definitivamente no sertão de João Guimarães Rosa. O projeto resultou em dois produtos: um documentário e no “Manto do Vaqueiro”, por Beth Ziani e pela figurinista Joana Salles, a partir da indumentária usada no cotidiano dos vaqueiros.

O grupo de contadores de estórias Miguilim, constituído por jovens moradores de Cordisburgo, é a principal ação educativa do Museu Casa Guimarães Rosa. O grupo é responsável pelo atendimento do público que visita o museu, por meio de narração e encenação de trechos dos livros do escritor. Criado em 1995 pela Dra. Calina Guimarães, prima de Guimarães Rosa, o grupo é atualmente dirigido pelas educadoras Dôra Guimarães e Elisa Almeida.

O processo de requalificação do museu criou novos instrumentos para trabalhar a obra de Guimarães Rosa com o público que visita o museu. Um quebra-cabeça com o léxico do escritor facilita aos estudantes o entendimento das palavras usadas pelos vaqueiros, além daquelas inventadas pelo próprio escritor. Um jogo de memórias com fotos dos locais por onde a boiada passou e com trechos da obra do escritor também poderá ser usado pelos educadores do museu.

Serviço:
Evento: Projeto de requalificação do Museu Casa Guimarães Rosa
Local: Museu Casa Guimarães Rosa
Rua Padre João, 744 – Cordisburgo – Minas Gerais
Data: 6 de julho de 2012
Hora: 19h
Da redação, com informações de Agência Minas

fonte: Setelagoas.com.br

A vida e a obra de Guimarães Rosa a um clique de distância

Museu dedicado ao escritor inaugura visita virtual com vídeos e trechos de livros

A cidade de Cordisburgo, na versão virtual do Museu Casa Guimarães Rosa

Descrito por João Guimarães Rosa como “o lugar mais formoso devido ao ar e ao céu, e pelo arranjo que Deus caprichou em seus morros e suas vargens”, a mineira Cordisburgo, cidade natal do escritor, está a um clique de distância de quem se interessa em visitá-la.

De qualquer lugar do mundo, os amantes da literatura genial de Guimarães Rosa podem visitar a casa onde o escritor nasceu, a 114 quilômetros de Belo Horizonte. O Museu Casa Guimarães Rosa acaba de ganhar uma versão virtual, recheada com vídeos e trechos da obra do romancista.

O museu virtual funciona de forma semelhante ao mecanismo do Google Street View. O visitante pode percorrer pelo menos sete quadras de Cordisburgo em alguns cliques. O internauta escolhe se prefere uma navegação automática, que começa pela casa onde Guimarães Rosa nasceu, ou se ele mesmo traçará sua rota, entre dezenas de locais a visitar na pacata Cordisburgo, que possui aproximadamente 8 mil habitantes. Ao todo, são 27 atrações virtuais, incluindo uma réplica do gabinete do escritor, obras originais e a praça central.

“É uma ferramenta semelhante ao Google, pois o espaço foi fotografado e filmado. Mas temos vantagens como a trilha sonora do Marcus Viana e os contadores de história do grupo Miguilim, com leituras de trechos das obras de Guimarães Rosa”, explica Rodrigo Coelho, um dos coordenadores do Projeto Era Virtual. “Conseguimos traduzir a sensibilidade do escritor para o projeto. As pessoas falam com o coração. É emocionante estar dentro de um espaço como este”, resume Coelho, completando que em dois meses a Cordisburgo virtual terá tradução para o inglês, francês e espanhol.

O diretor do Museu Casa Guimarães Rosa, Ronaldo Alves, comemora a visibilidade do espaço, que continua aberto ao público para visitas presenciais. “A pessoa vai ter contato com a história de Guimarães Rosa e tomará a iniciativa de ir pessoalmente ao museu. A visita presencial dura cerca de 40 minutos, mas, no ambiente virtual, o critério é mais pessoal.”

Sobre o escritor

Filho ilustre de Cordisburgo, João Guimarães Rosa nasceu em 27 de junho de 1908 e cedo mudou-se para Belo Horizonte. Ainda criança desenvolveu sozinho grande aptidão para aprender diversos idiomas e, aos 16 anos, ingressou na Faculdade de Medicina de Minas Gerais. Exerceu carreira diplomática e tornou-se membro da Academia Brasileira de Letras dias antes de morrer, em 1967. Entre os destaques da sua obra, está o romance "Grande Sertão: Veredas".

Outros projetos

O Projeto Era Virtual já abriga museus virtuais de Minas, Goiás, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Para o próximo ano, os planos incluem projetos do Paraná, Santa Catarina, Bahia e Maranhão. O custo total do projeto, viabilizado por leis de incentivo à cultura, nos Estados e no âmbito federal, é de R$ 750 mil.

Museu Casa Guimarães Rosa

O Museu fica aberto, de terça a domingo, das 9h às 17h. O valor do ingresso é de R$ 2, sendo possível agendar visitas pelo telefone 31-3715-1425. Alunos de escolas públicas (municipais e estaduais) são isentos de pagamento da taxa de visitação.
Para conhecer o Museu Casa Guimarães Rosa pela internet, basta acessar o site www.eravirtual.org/rosa_br

ULTIMOSEGUNDO IG

Quem foi João Guimarães Rosa?




Nome:
João Guimarães Rosa

Nascimento:
27/06/1908

Natural:
Cordisburgo - MG

Morte:
19/11/1967


João Guimarães Rosa


"Quando escrevo, repito o que já vivi antes.
E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente.
Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo
vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser
um crocodilo porque amo os grandes rios,
pois são profundos como a alma de um homem.
Na superfície são muito vivazes e claros,
mas nas profundezas são tranqüilos e escuros
como o sofrimento dos homens."

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João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo (MG) a 27 de junho de 1908 e era o primeiro dos seis filhos de D. Francisca (Chiquitinha) Guimarães Rosa e de Florduardo Pinto Rosa, mais conhecido por "seu Fulô" comerciante, juiz-de-paz, caçador de onças e contador de estórias.

Joãozito, como era chamado, com menos de 7 anos começou a estudar francês sozinho, por conta própria. Somente com a chegada do Frei Canísio Zoetmulder, frade franciscano holandês, em março de 1917, pode iniciar-se no holandês e prosseguir os estudos de francês, agora sob a supervisão daquele frade.

Terminou o curso primário no Grupo Escolar Afonso Pena; em Belo Horizonte, para onde se mudara, antes dos 9 anos, para morar com os avós. Em Cordisburgo fora aluno da Escola Mestre Candinho. Iniciou o curso secundário no Colégio Santo Antônio, em São João del Rei, onde permaneceu por pouco tempo, em regime de internato, visto não ter conseguido adaptar-se — não suportava a comida.

De volta a Belo Horizonte matricula-se no Colégio Arnaldo, de padres alemães e, imediatamente, iniciou o estudo do alemão, que aprendeu em pouco tempo. Era um poliglota, conforme um dia disse a uma prima, estudante, que fora entrevistá-lo:

Falo: português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, um pouco de russo; leio: sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário agarrado); entendo alguns dialetos alemães; estudei a gramática: do húngaro, do árabe, do sânscrito, do lituânio, do polonês, do tupi, do hebraico, do japonês, do tcheco, do finlandês, do dinamarquês; bisbilhotei um pouco a respeito de outras. Mas tudo mal. E acho que estudar o espírito e o mecanismo de outras línguas ajuda muito à compreensão mais profunda do idioma nacional. Principalmente, porém, estudando-se por divertimento, gosto e distração.

Em 1925, matricula-se na então denominada Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, com apenas 16 anos. Segundo um colega de turma, Dr. Ismael de Faria, no velório de um estudante vitimado pela febre amarela, em 1926, teria Guimarães Rosa dito a famosa frase: "As pessoas não morrem, ficam encantadas", que seria repetida 41 anos depois por ocasião de sua posse na Academia Brasileira de Letras.

Sua estréia nas letras se deu em 1929, ainda como estudante. Escreveu quatro contos: Caçador de camurças, Chronos Kai Anagke (título grego, significando Tempo e Destino), O mistério de Highmore Hall e Makiné para um concurso promovido pela revista O Cruzeiro. Todos os contos foram premiados e publicados com ilustrações em 1929-1930, alcançando o autor seu objetivo, que era o de ganhar a recompensa nada desprezível de cem contos de réis. Chegou a confessar, depois, que nessa época escrevia friamente, sem paixão, preso a modelos alheios.

Em 27 de junho de 1930, ao completar 22 anos, casa-se com Lígia Cabral Penna, então com apenas 16 anos, que lhe dá duas filhas: Vilma e Agnes. Dura pouco seu primeiro casamento, desfazendo-se uns poucos anos depois. Ainda em 1930, forma-se em Medicina, tendo sido o orador da turma, escolhido por aclamação pelos 35 colegas.

Guimarães Rosa vai exercer a profissão em Itaguara, pequena cidade que pertencia ao município de Itaúna (MG), onde permanece cerca de dois anos. Relaciona-se com a comunidade, até mesmo com raizeiros e receitadores, reconhecendo sua importância no atendimento aos pobres e marginalizados, a ponto de se tornar grande amigo de um deles, de nome Manoel Rodrigues de Carvalho, mais conhecido por "seu Nequinha", que morava num grotão enfurnado entre morros, num lugar conhecido por Sarandi.

Espírita, "Seu Nequinha" parece ter sido o inspirador da figura do Compadre meu Quelemém, espécie de oráculo sertanejo, personagem de Grande Sertão: Veredas.

Diante de sua incapacidade de por fim às dores e aos males do mundo numa cidade que não tinha nem energia elétrica, segundo depoimento de sua filha Vilma, o autor, sensível como era, acaba por afastar-se da Medicina. Contribuiu também para isso o fato de o escritor ter que assistir o parto de sua mulher, pois o farmacêutico e o médico da cidade vizinha de Itaúna só terem chegado quando Vilma já havia nascido.

Guimarães Rosa, durante a Revolução Constitucionalista de 1932, trabalha como voluntário na Força Pública. Posteriormente, efetiva-se, por concurso. Em 1933, vai para Barbacena na qualidade de Oficial Médico do 9º Batalhão de Infantaria. Segundo depoimento de Mário Palmério, em seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, o quartel pouco exigia de Guimarães Rosa – "quase que somente a revista médica rotineira, sem mais as dificultosas viagens a cavalo que eram o pão nosso da clínica em Itaguara, e solenidade ou outra, em dia cívico, quando o escolhiam para orador da corporação". Assim, sobrava-lhe tempo para dedicar-se com maior afinco ao estudo de idiomas estrangeiros; ademais, no convívio com velhos milicianos e nas demoradas pesquisas que fazia nos arquivos do quartel, o escritor teria obtido valiosas informações sobre o jaguncismo barranqueiro que até por volta de 1930 existiu na região do Rio São Francisco.

Um amigo do escritor, impressionado com sua cultura e erudição, e, particularmente, com seu notável conhecimento de línguas estrangeiras, lembrou-lhe a possibilidade de prestar concurso para o Itamarati, conseguindo entusiasmá-lo. O então Oficial Médico do 9º Batalhão de Infantaria, após alguns preparativos, seguiu para o Rio de Janeiro onde prestou concurso para o Ministério do Exterior, obtendo o segundo lugar. Por essa ocasião, aliás, já era por demais evidente sua falta de "vocação" para o exercício da Medicina, conforme ele próprio confidenciou a seu colega Dr. Pedro Moreira Barbosa, em carta datada de 20 de março de 1934:

Não nasci para isso, penso. Não é esta, digo como dizia Don Juan, sempre 'après avoir couché avec...’ Primeiramente, repugna-me qualquer trabalho material só posso agir satisfeito no terreno das teorias, dos textos, do raciocínio puro, dos subjetivismos. Sou um jogador de xadrez nunca pude, por exemplo, com o bilhar ou com o futebol.

Antes que os anos 30 terminem, ele participa de outros dois concursos literários. Em 1936, a coletânea de poemas Magma recebe o prêmio de poesia da Academia Brasileira de Letras. Um ano depois, sob o pseudônimo de "Viator", concorre ao prêmio HUMBERTO DE CAMPOS, com o volume intitulado Contos, que em 46, após uma revisão do autor, se transformaria em Sagarana, obra que lhe rendeu vários prêmios e o reconhecimento como um dos mais importantes livros surgidos no Brasil contemporâneo. Os contos de Sagarana apresentam a paisagem mineira em toda a sua beleza selvagem, a vida das fazendas, dos vaqueiros e criadores de gado, mundo que Rosa habitara em sua infância e adolescência. Neste livro, o autor já transpõe a linguagem rica e pitoresca do povo, registra regionalismos, muitos deles jamais escritos na literatura brasileira.

Em 1938, Guimarães Rosa é nomeado Cônsul Adjunto em Hamburgo, e segue para a Europa; lá fica conhecendo Aracy Moebius de Carvalho (Ara), que viria a ser sua segunda mulher. Durante a guerra, por várias vezes escapou da morte; ao voltar para casa, uma noite, só encontrou escombros. A superstição e o misticismo acompanhariam o escritor por toda a vida. Ele acreditava na força da lua, respeitava curandeiros, feiticeiros, a umbanda, a quimbanda e o kardecismo. Dizia que pessoas, casas e cidades possuíam fluidos positivos e negativos, que influíam nas emoções, nos sentimentos e na saúde de seres humanos e animais. Aconselhava os filhos a terem cautela e a fugirem de qualquer pessoa ou lugar que lhes causasse algum tipo de mal estar.

Embora consciente dos perigos que enfrentava, protegeu e facilitou a fuga de judeus perseguidos pelo Nazismo; nessa empresa, contou com a ajuda da mulher, D. Aracy. Em reconhecimento a essa atitude, o diplomata e sua mulher foram homenageados em Israel, em abril de 1985, com a mais alta distinção que os judeus prestam a estrangeiros: o nome do casal foi dado a um bosque que fica ao longo das encostas que dão acesso a Jerusalém.

Foi a forma encontrada pelo governo israelense para expressar sua gratidão àqueles que se arriscaram para salvar judeus perseguidos pelo Nazismo por ocasião da 2ª Guerra Mundial. Segundo D. Aracy, que compareceu a Israel por ocasião da homenagem, seu marido sempre se absteve de comentar o assunto já que tinha muito pudor de falar de si mesmo. Apenas dizia: "Se eu não lhes der o visto, vão acabar morrendo; e aí vou ter um peso em minha consciência."

Em 1942, quando o Brasil rompe com a Alemanha, Guimarães Rosa é internado em Baden-Baden, juntamente com outros compatriotas, entre os quais se encontrava o pintor pernambucano Cícero Dias, Ficam retidos durante 4 meses e são libertados em troca de diplomatas alemães. Retornando ao Brasil, após rápida passagem pelo Rio de Janeiro, o escritor segue para Bogotá, como Secretário da Embaixada, lá permanecendo até 1944. Sua estada na capital colombiana, fundada em 1538 e situada a uma altitude de 2.600 m, inspirou-lhe o conto Páramo, de cunho autobiográfico, que faz parte do livro póstumo Estas Estórias. O conto se refere à experiência de "morte parcial" vivida pelo protagonista (provavelmente o próprio autor), experiência essa induzida pela solidão, pela saudade dos seus, pelo frio, pela umidade e particularmente pela asfixia resultante da rarefação do ar (soroche – o mal das alturas).

Em dezembro de 1945 o escritor retornou ao Brasil depois de longa ausência. Dirigiu-se, inicialmente, à Fazenda Três Barras, em Paraopeba, berço da família Guimarães, então pertencente a seu amigo Dr. Pedro Barbosa e, depois, a cavalo, rumou para Cordisburgo, onde se hospedou no tradicional Argentina Hotel, mais conhecido por Hotel da Nhatina.

Em 1946, Guimarães Rosa é nomeado chefe-de-gabinete do ministro João Neves da Fontoura e vai a Paris como membro da delegação à Conferência de Paz.

Em 1948, o escritor está novamente em Bogotá como Secretário-Geral da delegação brasileira à IX Conferência Inter-Americana; durante a realização do evento ocorre o assassinato político do prestigioso líder popular Jorge Eliécer Gaitán, fundador do partido Unión Nacional Izquierdista Revolucionaria, de curta mas decisiva duração.

De 1948 a 1950, o escritor encontra-se de novo em Paris, respectivamente como 1º Secretário e Conselheiro da Embaixada. Em 1951 é novamente nomeado Chefe de Gabinete de João Neves da Fontoura. Em 1953 torna-se Chefe da Divisão de Orçamento e em 1958 é promovido a Ministro de Primeira Classe (cargo correspondente a Embaixador).

Guimarães Rosa retorna ao Brasil em 1951. No ano seguinte, faz uma excursão ao Mato Grosso. O resultado é uma reportagem poética: Com o vaqueiro Mariano. Segundo depoimento do próprio Manuel Narde, vulgo Manuelzão, falecido em 5 de maio de 1997, protagonista da novela Uma estória de amor, incluída no volume Manuelzão e Miguilim, durante os dias que passou no sertão, Guimarães Rosa pedia notícia de tudo e tudo anotava "ele perguntava mais que padre" –, tendo consumido "mais de 50 cadernos de espiral, daqueles grandes", com anotações sobre a flora, a fauna e a gente sertaneja usos, costumes, crenças, linguagem, superstições, versos, anedotas, canções, casos, estórias...

Em ensaio crítico sobre Corpo de Baile, o professor Ivan Teixeira afirma que o livro talvez seja o mais enigmático da literatura brasileira. As novelas que o compõem formam um sofisticado conjunto de logogrifos, em que a charada é alçada à condição de revelação poética ou experimento metafísico. Na abertura do livro, intitulada Campo Geral, Guimarães Rosa se detém na investigação da intimidade de uma família isolada no sertão, destacando-se a figura do menino Miguelim e o seu desajuste em relação ao grupo familiar. Campo Geral surge como uma fábula do despertar do autoconhecimento e da apreensão do mundo exterior; e o conjunto das novelas surge como passeio cósmico pela geografia rosiana, que retoma a idéia básica de toda a obra do escritor: o universo está no sertão, e os homens são influenciados pelos astros.

Em 1956, no mês de janeiro, reaparece no mercado editorial com as novelas Corpo de Baile, onde continua a experiência iniciada em Sagarana. A partir de o Corpo de Baile, a obra de Rosa - autor reconhecido como o criador de uma das vertentes da moderna linha de ficção do regionalismo brasileiro - adquire dimensões universalistas, cuja cristalização artística é atingida em Grande Sertão: Veredas, lançado em maio de 56. O terceiro livro de Guimarães Rosa, uma narrativa épica que se estende por 600 páginas, focaliza numa nova dimensão, o ambiente e a gente rude do sertão mineiro. Grande Sertão: Veredas reflete um autor de extraordinária capacidade de transmissão do seu mundo, e foi resultado de um período de dois anos de gestação e parto. A história do amor proibido de Riobaldo, o narrador, por Diadorim é o centro da narrativa. Para Renard Perez, autor de um ensaio sobre Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas, além da técnica e da linguagem surpreendentes, deve-se destacar o poder de criação do romancista, e sua aguda análise dos conflitos psicológicos presentes na história.

O lançamento de Grande Sertão: Veredas causa grande impacto no cenário literário brasileiro. O livro é traduzido para diversas línguas e seu sucesso deve-se, sobretudo, às inovações formais. Crítica e público dividem-se entre louvores apaixonados e ataques ferozes. Torna-se um sucesso comercial, além de receber três prêmios nacionais: o Machado de Assis, do Instituto Nacional do Livro; o Carmen Dolores Barbosa, de São Paulo; e o Paula Brito, do Rio de Janeiro. A publicação faz com que Guimarães Rosa seja considerado uma figura singular no panorama da literatura moderna, tornando-se um "caso" nacional. Ele encabeça a lista tríplice, composta ainda por Clarice Lispector e João Cabral de Melo Neto, como os melhores romancistas da terceira geração modernista brasileira.

Ainda que não publicasse nada até 1962, o interesse e o respeito pela obra rosiana só aumentavam, em relação à crítica e ao público. Unanimidade, o escritor recebe, em 1961, o Prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra. Ele começa a obter reconhecimento no exterior.

Em janeiro de 1962, assume a chefia do Serviço de Demarcação de Fronteiras, cargo que exerceria com especial empenho, tendo tomado parte ativa em momentosos casos como os do Pico da Neblina (1965) e das Sete Quedas (1966). Em 1969, em homenagem ao seu desempenho como diplomata, seu nome é dado ao pico culminante (2.150 m) da Cordilheira Curupira, situado na fronteira Brasil/Venezuela. O nome de Guimarães Rosa foi sugerido pelo Chanceler Mário Gibson Barbosa, como um reconhecimento do Itamarati àquele que, durante vários anos, foi o chefe do Serviço de Demarcação de Fronteiras da Chancelaria Brasileira.

Em 1958, no começo de junho, Guimarães Rosa viaja para Brasília, e escreve para os pais:

Em começo de junho estive em Brasília, pela segunda vez lá passei uns dias. O clima da nova capital é simplesmente delicioso, tanto no inverno quanto no verão. E os trabalhos de construção se adiantam num ritmo e entusiasmo inacreditáveis: parece coisa de russos ou de norte-americanos"... "Mas eu acordava cada manhã para assistir ao nascer do sol e ver um enorme tucano colorido, belíssimo, que vinha, pelo relógio, às 6 hs 15’, comer frutinhas, na copa da alta árvore pegada à casa, uma tucaneira’, como por lá dizem. As chegadas e saídas desse tucano foram uma das cenas mais bonitas e inesquecíveis de minha vida.

A partir de 1958, o autor começa a apresentar problemas de saúde e estes seriam, na verdade, o prenúncio do fim próximo, tanto mais quanto, além da hipertensão arterial, o paciente reunia outros fatores de risco cardiovascular como excesso de peso, vida sedentária e, particularmente, o tabagismo. Era um tabagista contumaz e embora afirme ter abandonado o hábito, em carta dirigida ao amigo Paulo Dantas em dezembro de 1957, na foto tirada em 1966, quando recebia do governador Israel Pinheiro a Medalha da Inconfidência, aparece com um cigarro na mão esquerda. A propósito, na referida carta, o escritor chega mesmo a admitir, explicitamente, sua dependência da nicotina:

... também estive mesmo doente, com apertos de alergia nas vias respiratórias; daí, tive de deixar de fumar (coisa tenebrosa!) e, até hoje (cabo de 34 dias!), a falta de fumar me bota vazio, vago, incapaz de escrever cartas, só no inerte letargo árido dessas fases de desintoxicação. Oh coisa feroz. Enfim, hoje, por causa do Natal chegando e de mais mil-e-tantos motivos, aqui estou eu, heróico e pujante, desafiando a fome-e-sede tabágica das pobrezinhas das células cerebrais. Não repare.

É importante frisar também que, coincidindo com os distúrbios cardiovasculares que se evidenciaram a partir de 1958, Guimarães Rosa parece ter acrescentado a suas leituras espirituais publicações e textos relativos à Ciência Cristã (Christian Science), religião cristã criada nos Estados Unidos em 1866 por Mrs. Mary Baker Eddy e que afirma a primazia do espírito sobre a matéria – "... the allness of Spirit and the nothingness of matter", a qual habilita compreender a nulidade do pecado, dos sentimentos negativos em geral, da doença e da morte, diante da totalidade do Espírito.

Em 1962, é lançado Primeiras Estórias, livro que reúne 21 contos pequenos. Nos textos, as pesquisas formais características do autor, uma extrema delicadeza e o que a crítica considera "atordoante poesia".

Em maio de 1963, Guimarães Rosa candidata-se pela segunda vez à Academia Brasileira de Letras (a primeira fora em 1957, quando obtivera apenas 10 votos), na vaga deixada por João Neves da Fontoura. A eleição dá-se a 8 de agosto e desta vez é eleito por unanimidade. Mas não é marcada a data da posse, adiada sine die, somente acontecendo quatro anos depois, no dia 16 de novembro de 1967.

Em janeiro de 1965, participa do Congresso de Escritores Latino-Americanos, em Gênova. Como resultado do congresso ficou constituída a Primeira Sociedade de Escritores Latino-Americanos, da qual o próprio Guimarães Rosa e o guatemalteco Miguel Angel Asturias (que em 1967 receberia o Prêmio Nobel de Literatura) foram eleitos vice-presidentes.

Em abril de 1967, Guimarães Rosa vai ao México na qualidade de representante do Brasil no I Congresso Latino-Americano de Escritores, no qual atua como vice-presidente. Na volta é convidado a fazer parte, juntamente com Jorge Amado e Antônio Olinto, do júri do II Concurso Nacional de Romance Walmap que, pelo valor material do prêmio, é o mais importante do país.

No meio do ano, publica seu último livro, também uma coletânea de contos, Tutaméia. Nova efervescência no meio literário, novo êxito de público. Tutaméia, obra aparentemente hermética, divide a crítica. Uns vêem o livro como "a bomba atômica da literatura brasileira"; outros consideram que em suas páginas encontra-se a "chave estilística da obra de Guimarães Rosa, um resumo didático de sua criação".

Três dias antes da morte o autor decidiu, depois de quatro anos de adiamento, assumir a cadeira na Academia Brasileira de Letras. Os quatro anos de adiamento eram reflexo do medo que sentia da emoção que o momento lhe causaria. Ainda que risse do pressentimento, afirmou no discurso de posse: "...a gente morre é para provar que viveu."

O escritor faz seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras com a voz embargada. Parece pressentir que algo de mal lhe aconteceria. Com efeito, três dias após a posse, em 19 de novembro de 1967, ele morreria subitamente em seu apartamento em Copacabana, sozinho (a esposa fora à missa), mal tendo tempo de chamar por socorro.

Em 1967, João Guimarães Rosa seria indicado para o prêmio Nobel de Literatura. A indicação, iniciativa dos seus editores alemães, franceses e italianos, foi barrada pela morte do escritor. A obra do brasileiro havia alcançado esferas talvez até hoje desconhecidas. Quando morreu tinha 59 anos. Tinha-se dedicado à medicina, à diplomacia, e, fundamentalmente às suas crenças, descritas em sua obra literária. Fenômeno da literatura brasileira, Rosa começou a publicar aos 38 anos. O autor, com seus experimentos lingüísticos, sua técnica, seu mundo ficcional, renovou o romance brasileiro, concedendo-lhe caminhos até então inéditos. Sua obra se impôs não apenas no Brasil, mas alcançou o mundo.

BIBLIOGRAFIA:

- Magma (1936), poemas. Não chegou a publicá-los.

- Sagarana (1946), contos e novelas regionalistas. Livro de estréia.

- Com o vaqueiro Mariano (1947)

- Corpo de Baile (1956), novelas. (Atualmente publicado em três partes:

- Manuelzão e Miguilim,
- No Urubuquaquá, no Pinhém e
- Noites do sertão.)

- Grande Sertão: Veredas (1956), romance.

- Primeiras estórias (1962), contos.

- Tutaméia:Terceiras estórias (1967), contos.

- Estas estórias (1969), contos. Obra póstuma.

- Ave, palavra (1970) diversos. Obra póstuma.

Colaborações em jornais e revistas:

- Colaborou no suplemento "Letras e Artes" de A Manhã (1953-54), em O Globo (1961) e na revista Pulso (1965-66), divulgando contos e poemas.

Bibliografia sobre o Autor:

Bosi, Alfredo (org.). O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1994.

Faraco, C.E. & Moura, F.M. Língua e literatura.. São Paulo: Ática, 1996. v.3.

Holzemayr, Rosenfield Kathrin. Grande Sertão: Veredas. São Paulo: Ática, 1996. (Roteiro de Leitura).

Macedo, Tânia. Guimarãres Rosa. São Paulo: Ática, 1996. (Ponto por Ponto).

Perez, Renard. Em Memória de João Guimarães Rosa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968.

Rosa, Vilma Guimarães. Relembramentos, Guimarães Rosa, meu pai. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983.

Santo, Wendel. A construção do romance em Guimarães Rosa. São Paulo: Ática, 1996.

Sperber, Suzi Frankl. Guimarães Rosa: signo e sentimento. São Paulo: Ática, 1996. (Ensaio).

Zilberman, R. A Leitura e o ensino da literatura. São Paulo: Contexto, 1989.

Acervo:

- Os arquivos do autor, abrangendo o período de 1908 a 1971, com aproximadamente 12.000 documentos, foram adquiridos pelo Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da Universidade de São Paulo (USP).

Homenagem ao Autor:

Museu Guimarães Rosa

Av. Padre João, 744
Cordisburgo - MG - Brasil
Fone: (0 XX 31) 715-1378
Agendar visitas: 3ª a dom., das 8h40min às 17h.

Versões:

1961/1967 - Publicação de "Buriti" ("Corpo de Baile", 1ª parte), "Les Nuits du Sertão" ("Corpo de Baile", 2ª parte), "Primeiras Estórias", pela Édition du Seuil; "Diadorim", pela Éditions Albin Michel, Paris - França.

Adaptações:

1969 - Publicação do livro "A João Guimarães Rosa" - (Gráficos Brunner), ensaio fotográfico de Maureen Bisilliat, com trechos de "Grande Sertão: Veredas". Curta de 09 minutos - Filmoteca da ECA / USP, direção de Roberto Santos - São Paulo (SP).

1975 - Adaptação dos contos "Corpo Fechado" (do livro "Sagarana"), direção de Lima Duarte, e "Sorôco, Sua Mãe, Sua Filha" (do livro "Primeiras Estórias"), direção de Kiko Jaess, para o programa Teatro 2, da TV Cultura - São Paulo (SP)

1975 - Adaptação do conto "Sarapalha" (do livro "Sagarana"), direção de Roberto Santos, para Caso Especial, da Rede Globo - Rio de Janeiro (RJ).

1984 - Adaptação de "Noites do Sertão", direção de Carlos Alberto Prates Corrêa - Rio de Janeiro (RJ).

1985 - Adaptação de "Grande Sertão: Veredas" para minissérie da Rede Globo, direção de Walter Avancini - Rio de Janeiro (RJ).

1994 - Rio de Janeiro RJ - Adaptação para o teatro de "Grande Sertão: Veredas", direção de Regina Bertola, no Centro Cultural Banco do Brasil

1994 - Filme "A Terceira Margem do Rio", direção e roteiro de Nelson Pereira dos Santos, baseado em cinco contos do livro "Primeiras Estórias": "A Terceira Margem do Rio", "A Menina de Lá", "Os Irmãos Dagobé", "Seqüência" e "Fatalidade" - Rio de Janeiro (RJ).

Discografia:

"Rio Abaixo"
Intérprete: Paulo Freire e outros.
Disco: "Rio Abaixo - Viola Brasileira" (www.paulofreire.com.br).

"Rosas pra João"
Interprete: Renato Motha e Patrícia Lobato.
CD com 13 canções inspiradas pela obra do biografado.
(www.renatomotha.com.br)


"Um chamado João"

"João era fabulista?
fabuloso?
fábula?
Sertão místico disparando
no exílio da linguagem comum?
Projetava na gravatinha
a quinta face das coisas,
inenarrável narrada?
Um estranho chamado João
para disfarçar, para farçar
o que não ousamos compreender?
Tinha pastos, buritis plantados
no apartamento?
no peito?
Vegetal ele era ou passarinho
sob a robusta ossatura com pinta
de boi risonho?


Era um teatro
e todos os artistas
no mesmo papel,
ciranda multívoca?
João era tudo?
tudo escondido, florindo
como flor é flor, mesmo não semeada?
Mapa com acidentes
deslizando para fora, falando?
Guardava rios no bolso,
cada qual com a cor de suas águas?
sem misturar, sem conflitar?
E de cada gota redigia nome,
curva, fim,
e no destinado geral
seu fado era saber
para contar sem desnudar
o que não deve ser desnudado
e por isso se veste de véus novos?


Mágico sem apetrechos,
civilmente mágico, apelador
e precipites prodígios acudindo
a chamado geral?
Embaixador do reino
que há por trás dos reinos,
dos poderes, das
supostas fórmulas
de abracadabra, sésamo?
Reino cercado
não de muros, chaves, códigos,
mas o reino-reino?
Por que João sorria
se lhe perguntavam
que mistério é esse?


E propondo desenhos figurava
menos a resposta que
outra questão ao perguntante?
Tinha parte com... (não sei
o nome) ou ele mesmo era
a parte de gente
servindo de ponte
entre o sub e o sobre
que se arcabuzeiam
de antes do princípio,
que se entrelaçam
para melhor guerra,
para maior festa?


Ficamos sem saber o que era João
e se João existiu
de se pegar."

Carlos Drummond de Andrade - 22/11/1967 - Versiprosa


Dados extraídos de livros do e sobre o autor e páginas da Internet.